"Feliz é o que se contenta com o espetáculo do mundo"... Ricardo Reis não poderia ter sido mais hipócrita dizendo qualquer outra coisa... Desde quando sentar e ficar esperando acontecer algo é garantia de felicidade? Diferente de Reis, que estava alheio a qualquer coisa que acontecia no mundo, temos Álvaro de Campos, um poeta engajado, futurista e impulsivo: "Não, já disse que não quero nada"... Ele me ensinou que sonhar ser algo que não somos não é deveras ser... A idéia é confusa, mas é o que a essência de Campos nos diz... pra que viver em um mundo que está acontecendo sem se mexer? Alheio a tudo isso e em sintonia com a natureza, nós temos Alberto Caeiro... Aquele que não fazia a poesia... sentia a natureza e via poesia em tudo... o mestre de todos os outros...
Ao fim, sabemos que que por trás dessas vozes tão diferentes, existia um poeta fingidor, saudosista e irônico, que era Fernando Pessoa...
Podemos tirar de nós várias vozes que não são nossas, são gritos interiores que nos fazem pensar no que é certo e no que é impossível, nos ensinam a sentir, a conhecer, a fazer... Ouvir essas vozes são tão importante quanto deixar se levar por outras pessoas, que jamais conhecem nossos profundos sentimentos e vontades... São essas pessoas que nos jogam no abismo e são essas vozes que nos resgatam da queda, servindo de apoio e uma mão para se levantar do tombo...
Essas vozes sabem o que sentimos, o que somos e o que devemos fazer... e, literalmente, chamaos essas vozes de CORAÇÃO!!!
Letícia Pacheco